Leia na íntegra o último capítulo da minissérie: CENA 01: Armazém abandonado Rafael se espanta com a faca em seu pescoço. Jucineide gargalha. Rafael - Você está louca, Jucineide... Abaixe essa faca... Jucineide - (chorando de ódio) LOUCA?! EU SOU LOUCA?! EU TE AMO MAIS DO QUE TUDO, RAFAEL! E aquela songa monga da Rosane te roubou de mim! Foi assim também quando me apaixonei pelo Collor. Os dois homens da minha vida, pelos quais eu me apaixonei brutalmente, preferiram a Rosane. SÓ QUE DESSA VEZ, NÃO SEREI FEITA DE MONGA! SE VOCÊ NÃO FOR MEU, COM ELA É QUE VOCÊ NÃO FICA! E então? Qual sua última frase? Rafael - Solte-me, garota. Você precisa se tratar, pelo seu bem. Deixe-me ir, eu não farei nenhuma queixa à policia. Deixe-me ser feliz com a Rosane e todos ficaremos bem. Jucineide - É, desperdiçou palavras... Poderia ter encerrado sua vida dizendo algo mais útil. MORRA, RAFAEL! Sem falar mais nada, Jucineide começa a esfaquear o amado, que berra de dor a cada facada. Ela o golpeia até a morte, com olhos arregalados e um sorriso insano. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 02: Aeroporto Internacional de Brasília Luciana - Eu vou perder o voo, Joaquim. Joaquim - Me escute primeiro. Não pegue esse voo, não vá embora. Eu te amo. Eu te amo DEMAIS, Luciana. Luciana - Eu já me decidi. Joaquim - Não Luciana, não faça isso comigo. Nós temos uma história juntos. Você é o amor da minha vida, você é tudo pra mim. Vamos esquecer o passado e construir uma nova história juntos. Eu vou mudar pra valer, vou provar que mereço o seu amor. (se ajoelha e abre uma caixinha com um anel) Casa comigo? Luciana - (emocionada) Joaquim, não brinque comigo... Joaquim - Nunca falei tão sério em toda a minha vida. Luciana - (lacrimejando) Oh, meu amor... É claro que eu aceito. Eles se beijam demoradamente, enquanto recebem aplausos da multidão que tinha se formado em volta. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 03: Pousada Bela Vista Rosane acorda, deitada na cama. Rosane - (assustada) Nossa... O que aconteceu? Rafael? Onde está o Rafael? Ela se levanta, apressada. Depara-se então com um envelope na mesa. É uma falsa carta de Rafael. Abre e começa a ler em voz alta. Rosane - "Rosane, sofremos um ataque da Jucineide. Ela me raptou e tivemos uma séria conversa. Cansei de me expor a tantos perigos e decidi simplesmente te abandonar. Na verdade, o amor que eu sentia por você não era forte o suficiente. Passamos bons momentos juntos, mas nunca quis que vingasse algo sério, era apenas uma aventura com a Primeira Dama do Brasil. Decidi fugir para a Argentina enquanto há tempo, pois cansei de brincar com uma garota mimada e viver fugindo perigosamente de um presidente corrupto. Abraços e adeus." Rosane começa a chorar, desesperada. Rosane - Eu deixei TODA a minha vida de luxo de lado apenas para viver ao seu lado, Rafael. Fui humilhada e maltratada só por sua causa. O que será de mim agora? Devo voltar para aquela mansão? ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 04: Ruas de Brasília Algum tempo depois... Caras Pintadas - (berrando) - Fora Collor! Fora Collor! Fora Collor! O povo sai nas ruas de Brasília. Entre eles, estão os caras pintadas, que tingiram suas faces com escritas do tipo "FORA COLLOR". Eles estavam protestando, avançando em direção à Casa da Dinda, lutando contra a polícia, que tenta conter a grande massa de rebeldes. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 05: Apartamento de Jucineide Braz Jucineide está em seu apartamento, chorando. Jucineide - Naquele dia, cometi uma grande barbaridade... Mas só assim conseguiria viver em paz e no sossego, sentindo-me vingada da Rosane Collor sem peito. A campainha toca. Ela corre atender, deparando-se com Collor. Jucineide - Collor? Você aqui? Collor - Surpresa, não é? Há tempos não conversamos muito pacificamente. Você se distanciou de mim. Jucineide - Cansei de ser o seu brinquedo. Passei a me valorizar mais e conheci uma pessoa que me valorizava de verdade. Collor - Sei... Jucineide, a pressão em torno de mim está grande. Estou indo agora para a CPI que abriram, onde irão votar se eu devo deixar a presidência ou não. A revolta popular venceu... Eu me ferrei. Jucineide - E eu com isso? Collor - Esse é o fim do nosso caso. Irei embora do país, não quero mais escândalos. Provavelmente nunca mais nos veremos... Talvez só pelo Fernando James. Jucineide - Não vou sentir a menor falta. Adeus, Collor. Eles se olham profundamente. O presidente vai embora. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 06: Câmara dos Deputados Atrás de uma grande mesa, o presidente da câmara começa a dar início às votações. Ibsen Pinheiro - Silêncio, por favor. Estamos aqui reunidos em uma votação aberta para decidir o destino político do Sr. Presidente Fernando Collor de Mello. Acusado de corrupção, desvio de verbas públicas; a votação decidirá se o seu cargo de presidente da república deve ser ou não cassado. Votem apenas respondendo SIM ou NÃO: Fernando Collor de Mello deve sofrer ou não impeachment e ter seu mandato cassado? A votação começa e durante horas os deputados votam um por um, contabilizando 441 votos a favor e 38 contra o impeachment. O presidente do câmara se levanta e começa a dar o veredito final. Porém, antes que ele pudesse terminar, Collor se levanta e se dirige até o microfone, decidido. Collor - EU RENUNCIO! A imprensa se apertava para fotografar esse grande momento, enquanto uma grande discussão começava entre os deputados. Um deles se revolta e berra. Deputado - Espera aí! Depois de horas de votação e o SIM ganhando, depois de dezenas de protestos a favor do impeachment pelo Brasil, depois de centenas de acusações... Ele vai sair IMPUNE?! Ibsen Pinheiro - Não, ele não sairá. Como um inquérito já foi aberto, ele terá seus direitos políticos caçados durante anos. Mas, como ele renunciou antes do fim dessa audiência, não sofrerá uma punição grave. Sendo assim, o vice-presidente Itamar Franco assumirá o cargo de presidente da república. O alvoroço aumenta mais ainda e a imprensa dispara inúmeros flashes. Collor e Rosane saem do Palácio do Planalto de cabeça erguida, abanando a mão para a população revoltada e indo embora pelo helicóptero presidencial. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 07: Casa de Thereza e Pedro Thereza, Pedro e Lilibeth assistem pela televisão a derrota política de Collor. Lilibeth - Enfim, a justiça foi feita. Thereza - O nosso plano deu certo, tiramos aquele safado do poder. Pedro - No fundo, eu tenho dó dele. Seus antigos "aliados políticos" foram fugindo um a um e ele terminou sozinho nessa história, completamente abandonado. Thereza - Nem tão sozinho, ela ainda tem a Rosane e os filhos. Lilibeth - Engano seu. Ele nunca teve a Rosane, e jamais terá. Os filhos odeiam o pai. Ele realmente terminou sozinho. (pegando uma garrafa de champanhe) Vamos comemorar esse momento histórico! Essa é a NOSSA vitória, essa é a vitória do Brasil ! Os três brindam. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 08: Guaxuma - Casa de praia de PC Farias 4 anos depois, em 1996... Paulo César e Suzana dormem agarradinhos, após uma longa noite de amor. Um carro para na frente da casa de praia. Um homem sai do carro com uma arma na mão. Arrombando a porta, ele invade a casa e vai até o quarto do casal. Eles acordam assustados e Paulo César o reconhece. Paulo César - Michael? Aquele motorista do patrãozote? Michael - Parabéns Paulo, resposta certa. Eu vim fazer uma visitinha rápida, não vou demorar muito. (apontando a arma para o casal) Paulo César - EI! Você quer nos matar? Por quê? Michael - Por que eu quero matar vocês? Bem, se eu fizer isso certinho, vou ganhar uma bolada de dinheiro. Vai ser a maior recompensa que o seu "patrãozote" vai me dar. Paulo César - Então era você o assassino. Deus do céu, não acredito. O patrãozote mandou você matar aquela mulher queimada, aquele jornalista atropelado, sequestrar a Rosana e aquele amante dela... Mas eu? Não há razão pra me matar. Michael - Ordens são ordens, sinto muito. Isso se chama "queima de arquivo", Paulo. Você sabe demais e ultimamente ainda estava enchendo o saco do Collor com suas chantagens ridículas. Simples. Paulo se levanta e tenta arrancar a arma das mãos de Michael, que reage rapidamente e dá três tiros no seu peito. Paulo cai morto na cama e Suzana se assusta. Suzana - Ô moço, por favor. Eu não te fiz nada. Se ocê quiser, a gente pode se entender melhor. (mostrando o decote) Ele agarra Suzana e a beija. Depois, dá um tiro em seu peito e ela cai morta ao lado de PCF. Ele limpa suas digitais da arma e arruma a cena do crime de modo que pareça um crime passional, onde Suzana matou Paulo César e depois se suicidou. Saindo da casa, ele entra no carro e gargalha, dirigindo para o horizonte. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 09: Cemitério "Campo da Esperança" Thereza se ajoelha diante do túmulo de Pedro. Thereza - (chorando) Já fazem 2 anos da sua morte. E nem por um segundo eu me esqueci de você, se sua presença ao meu lado. Você não merecia um fim desses, meu amor. Eu sinto muito por não ter te amado, Pedro. Sempre te considerei um companheiro indispensável, a minha rocha nos momentos difíceis. Você era uma pessoa maravilhosa, que me deu todo o seu amor sem esperar o meu amor de volta. Te amo muito... Ela coloca uma rosa em cima do túmulo e chora nos ombros de Lilibeth. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 10: Apartamento de Joaquim Collor Joaquim e Luciana estão na cama, aos beijos. Luciana - Não sabe como estou feliz de estar aqui, casada com você, esperando um filho... Nem parece verdade. Joaquim - Nós já sofremos várias barreiras para ficarmos juntos, meu amor. Mas isso tudo passou. Eu te amo muito e vou ficar com você pro resto da minha vida. Luciana - E eu tirei a sorte grande: me apaixonei e fiquei com o homem mais perfeito do mundo! Luciana sorri e beija o amado, apaixonada. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 11: Mansão Collor Collor e Rosane estão morando em Miami, em uma gigante mansão. Ela está na sacada, pensativa. Collor surge. Collor - No que está pensando? Rosane - Você certamente não gostaria de saber. Collor, eu cansei de te aturar durante tantos anos. Eu exijo o divórcio. Collor - Pra que isso, Rosane? Estamos tão bem nos últimos anos... Rosane - Eu voltei com você porque senti falta da minha vida de luxo. Não teria mais rumo se te abandonasse. Mas estou cansada de mentir para mim mesma. Collor - Deixa isso pra lá, Rosane. Vamos ficar juntos e aproveitar os bons momentos que estamos passando juntos. Sorridente, ele puxa a esposa e a beija ardentemente. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 12: Motel "Scenes of Love" Em 2009.. Depois de transarem três vezes, Afonso deita ao lado de uma mulher que havia conhecido na mesma noite. Sara - Caramba, você não cansa de trepar nem mesmo com quem acabou de conhecer? Afonso - Ah amada, eu sou o fogo em pessoa. Tenho fôlego pra ficarmos o resto dos nossos dias aqui nessa cama, fazendo loucuras sem parar. Sara - (olha para a aliança no dedo de Afonso) Ei, o que é isso? Você é CASADO? Afonso - (tirando a aliança e jogando para o lado) Esquece isso. Vamos aproveitar essa noitada. Aliás, qual é o seu nome mesmo? Sara - Você transa comigo três vezes sem parar e não lembra nem o meu nome? Seu cafajeste gostoso... Vem aqui, vem. Eles se beijam e se enfiam debaixo das cobertas. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 13: Rio Largo Fernando James sobe em um palanque e é aplaudido por uma multidão. Ele pede silêncio e começa seu discurso político. Fernando James - É um grande prazer estar aqui, podendo dizer algumas palavras para a população de Rio Largo. Em primeiro, gostaria de agradecer ao meu pai, Fernando Collor. Foi ele quem batalhou junto comigo para que eu conseguisse engajar uma proposta de governo nessa cidade maravilhosa. Tenho certeza que darei o meu sangue aqui nesse governo, fazendo sempre o melhor para o bem e a igualdade de todos. Tenho potencial e capacidade para transformar essa cidade em uma grande metrópole regional, atraindo turistas e empresas multinacionais. Mas, esse sonho próspero e digno para essa cidade só poderá ser realizado se todos ajudarem votando em mim. Conto com vocês em 2010, meu futuro povo. De braços dados e com fé no coração, vamos construir uma cidade de Rio Largo para todos. A população delira com o discurso, assobiando e batendo palmas durante minutos. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 14: Clube Fênix Alagoana Deitada em uma cadeira na beira da piscina do clube, Thereza toma seu suco e aproveita o clima. Thereza - Amor, leva as crianças pra piscina. Ah, aproveita e pega mais um suquinho pra sua mulher. Gustavo - Só se eu ganhar um beijinho seu. Thereza - (dando um selinho em Gustavo) Volta logo e não dê bola pra nenhuma piranha que olhar pra você. Gustavo ri e vai fazer o que ela pediu. Thereza relaxa na cadeira e seus pensamentos voltam à 1992, quando a sua vida mudou radicalmente. Thereza - (pensando) 17 anos já se passaram, nossa... Parece que foi ontem que eu entrei no Hotel Maksoud Plaza e virei a "cunhadinha do Brasil". Parece que foi ontem que vi o Collor pisoteado e destruído depois do impeachment. Parece que foi ontem que convivia cada segundo da minha vida ao lado do meu Pedro, um homem perfeito que foi levado por um câncer brutal e sem explicações. Mas hoje o sobrenome "Collor" que eu carrego é apenas uma marca do passado. Ela sorri e olha para o lado, mandando um 'beijinho' para o marido e os dois filhos. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 15: Flat de Rosane Collor Rosane se senta em sua casa, começando a pensar em Rafael, lembrando dos momentos que passaram juntos. Começa a falar sozinha. Rosane - Ah, Rafael... Tanto tempo se passou, e mesmo abandonada por você, nunca consegui te esquecer. Como será que você está hoje em dia? A minha vida mudou tanto, tanto! O Collor se cansou do casamento instável comigo e praticamente me expulsou de sua vida... Nós nos separamos... Sofri muito, mas reencontrei força na religião, no evangelho. Isso ajudou a matar os pecados que vi meu marido cometer e nada falei. Estou namorando com o meu advogado... E você, meu amado? Como será que está hoje em dia? Casado, talvez com filhos, solteiro... Será que está vivo ainda? Ela começa a chorar, emocionada. Rosane - (enxugando as lágrimas) Consegui ser feliz sem você, mas a felicidade completa só existiria com você ao meu lado. Eu ainda te amo, Rafael. Será que um dia vamos nos reencontrar e mudar este final infeliz? ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 16: Apartamento de Lilibeth Lilibeth - Eu estou avisando: a gente vai se atrasar de novo! Depois não reclame que eu não avisei! Walter - (gritando do quarto) Calma aí, já estou indo. Passando pela sala, Lilibeth olha na mesa de porta-retratos e observa uma foto em especial. Ela está abraçada com Collor em uma noite de gala, e ambos estão sorrindo. Ela estava com um vestido preto deslumbrante, lindíssima. Não conseguia se lembrar qual festa foi aquela e nem quando foi. Mas ela se lembrava de cada segundo após essa festa, no antigo apartamento que morava com o ex-presidente. Collor terminou a noite bêbado e a espancou a durante a madrugada inteirinha, deixando ela sem poder andar por uma semana. Walter - Estou pronto. Vamos? Lilibeth sorri e entra no elevador, de mãos dadas com sua pequena filha e o marido. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 17: Casa de Jucineide Jucineide está fritando ovos na cozinha, com um mau humor extremo. Murilo aparece. Murilo - Capricha nos ovos, hein, maninha? O meu cunhadinho não vai gostar nada se você fizer qualquer porcaria! Jucineide - Tem que me lembrar disso, fofo? Maldita sina que arrumei... Casei com o desgraçado do Estevão! Murilo - Ué, foi escolha sua. Eu não reclamo, ele vai com a minha cara e me sustenta até hoje, na boa. Jucineide - Óbvio que me casei com ele por escolha! O maldito me enganou! Dizia ser rico e poderoso, pensei que seria um excelente casamento para me reerguer na vida, até sexo gostoso ele me dava, mas depois descubro que ele era um falido interesseiro. Ainda por cima me faz de cozinheira, passadeira, empregada, DONA DE CASA! Ainda bem que o Fernando James virará político e nos dará muita grana. Murilo - Sei não... Você tratou o moleque com tanta irresponsabilidade... Jucineide - PARA DE ROGAR PRAGA, RETARDADO! Ela queima os ovos, desesperando-se. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 18: Palanque Collor está em um palanque, em frente a uma grande multidão. Collor - (emocionado) Eu gostaria de agradecer ao povo de Alagoas por terem me elegido com tanta precisão como senador. Vocês são a minha força e o meu apoio. Farei muito por esse estado e provarei que as críticas que faziam contra mim eram sem fundamento! Provarei que todos os meus projetos foram pelo bem do país, e que fui mal interpretado. Pretendo, no futuro, candidatar-me à governador. E, quem sabe um dia, à presidente? Ele sorri, aplaudido euforicamente.
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