Capítulo 10

Postado por Administração ··· Collor às 10:38

Leia na íntegra o décimo capítulo da minissérie:


 


 


 


 


 

CENA 01: Casa da Dinda


 

Collor continua com a arma apontada para os dois.


 


 

Rosane - Não faça isso, Collor...


 

Collor - Ah é, Rosane? Por quê? Você não acha que todo homem corno tem o direito de acabar com a raça do desgraçado que botou chifres nele? Mas eu não acabo só com ele, eu acabo com você junto.


 


 

Rafael age rapidamente, dando um soco na cara de Collor. O presidente cai no chão e revida com um chute em Rafael. Os dois brigam no chão, rolando no meio da sala.


 


 

Rosane - PELO AMOR DE DEUS, PAREM!


 


 

Após alguns minutos de tapas e socos, Rafael acerta em cheio um soco nocauteador no presidente, que fica derrotado, no chão. Mancando e cheio de hematomas, Rafael leva Rosane para seu carro. Os dois fogem para uma pousada.


 


 

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CENA 02: Consultório - Clínica "Cimi Donner"


 

Luciana entra no consultório.


 


 

Christian - Não se preocupe, não vai doer nada. A medicina voltada para o aborto avançou muito nesses últimos anos, e você não precisa nem mesmo tirar a roupa para fazer a remoção.


 

Luciana - Mas eu sempre ouvi dizer que para abortar precisaria de uma cirurgia específica.


 

Christian - Coisas do passado. Só relaxe enquanto eu aplico essa injeção em você (injetando a substância no braço de Luciana) Isso, ótimo.


 

Luciana - Só isso?!


 

Christian - Sim, só isso. Em algum tempo, o medicamento fará efeito. Mas ele possui efeitos colaterais, então, tome cuidado.


 

Luciana - (chorando) Eu nunca deveria ter tomado essa atitude... Mas agora é tarde. Foi por bem.


 


 

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CENA 03: Gabinete Presidencial


 

Collor está sendo cuidado por uma empregada, que bota gelo em sua cabeça.


 


 

Collor - (furioso) Aquele marginalzinho atrevido de merda... Quem ele pensa que é? ELE LEVOU A ROSANE! ELE RAPTOU A MINHA ESPOSA! Não posso permitir que eles prossigam com isso e arruínem a minha carreira. Não posso e não vou permitir!


 


 

Irritado, ele pega o celular e disca alguns números. Levanta-se e tranca-se em seu escritório domiciliar.


 


 

Collor - Alô? (falando baixo e com pausas) Tenho mais um serviço pra você. Como assim "mais um"? Estou te pagando toneladas! Sim. Esse é mais simples. O Rafael roubou a Rosane de mim mais uma vez... Quero que encontre aqueles dois. NÃO INTERESSA! VASCULHE TODOS OS HÓSPEDES DE HOTÉIS DA CIDADE INTEIRA, MAS ENCONTRE!


 


 

Ele desliga o celular e o lança contra a parede. Suzana entra no local e tranca a porta, deixando-o surpreso.


 


 

Collor - Suzana?


 

Suzana - (aproximando-se de Collor e se esfregando nele) O Paulo viajou e eu decidi te fazer uma visitinha...


 

Collor - (tendo seu pescoço beijado e provocado por Suzana. Fala com tom safado) Sua vagabunda... O que você quer de mim? Dar o golpe do baú? Eu sou o presidente da república, mocinha!


 

Suzana - Sou puta mermo e te quero mermo. Mas num é porque cê é rico não, nem ligo tanto pra bufunfa. Só que tu tem mó cara de gostoso e de ser um furacão na cama. Deixa de ser frouxo e me pega logo, tesão.


 


 

Collor se espanta. Suzana se vira de costas para ele. Furtivamente, ela coloca uma filmadora na estante e em seguida tira sua blusa, caindo nos braços do crápula, que a beija ardentemente.


 


 

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CENA 04: Ruas de Brasília


 

Após jantarem em um bar, Rosinete e Michael caminham pelas ruas desertas de Brasília na madrugada.


 


 

Rosinete - Gostou do espetinho com farofa, amor?


 

Michael - Eu não esperava uma noitada em um barzinho bem no nosso primeiro dia de casados.


 

Rosinete - Poxa, moreco, não gostou desse nosso jantarzinho a dois? Ai, eu amei, o único defeito é os pedaços de carne que ficam nos dentes...


 

Michael - Você sabe o que é que eu quero comer, não sabe? (apertando a bunda de Rosinete) Agora nós já somos casados.


 

Rosinete - UI! Não me provoca, que eu fico toda fogosa!


 

Michael - Mas eu quero te deixar fogosa mesmo. Vem aqui, vem.


 


 

Ele agarra Rosinete e a beija com vontade. O clima vai esquentando e eles entram em um beco escuro da rua. Após vários amassos e peças de roupas atiradas pelo ar, Rosinete e Michael transam em cima de várias sacolas de lixo.


 


 

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CENA 05: Pousada "Bela Vista"


 

Rosane entra no simples quarto com Rafael.


 


 

Rafael - É um local modesto, com diária baratérrima, mas é o que posso pagar enquanto não me recupero profissionalmente na vida. Logo a Thereza me dará um emprego em seu escritório. Pode ficar à vontade, durma na cama, eu fico no sofá.


 

Rosane - Qualquer lugar é maravilhoso ao seu lado, Rafael. Eu te amo. Por que você está com tanta raiva de mim?


 

Rafael - Você é como o seu marido, hipócrita. Talvez sofra nas mãos dele por ele não ter limites, mas rouba o povo como ele faz.


 

Rosane - Não, Rafael! Aquelas acusações são falsas! Eu juro pela minha alma, pelo nosso amor, que eu não sei do que estava acontecendo ali. Eu juro pelo nosso filho, que foi brutalmente assassinado.


 

Rafael - (espantado) - Filho?


 

Rosane - Eu estava grávida de você. Mas a Leda, aquele monstro em forma de múmia, tomou providências para que eu perdesse o bebê. (chorando) Ela botou alguma coisa no meu café eu... Simplesmente... Perdi o nosso filho. Perdi o único fruto que pensei que teria do nosso amor. Fiquei tão feliz com sua volta! Não vivo mais sem você, meu amor! Por favor, acredite em mim!


 

Rafael - Te amo, Rosane. Te amo muito. O Collor nunca mais irá nos separar!


 


 

Eles se beijam, apaixonados.


 


 

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CENA 06: Cafeteria "Café Brasilis"


 

Afonso - Por que me chamou até aqui? Quer relembrar a nossa adolescência mais uma vez?


 

Luciana - Se enxerga, Afonso. Eu tenho uma coisa muito séria pra te contar.


 

Afonso - Conte.


 

Luciana - Eu... Aquele filho que eu falei que eu estava grávida...


 

Afonso - ESTAVA grávida?


 

Luciana - Cala a boca, seu imbecil, deixa eu terminar. Aquele filho não era porcaria nenhuma do Joaquim. O pai só podia ser você. Eu e o Joaquim não transávamos havia meses.


 

Afonso - (chocado) O QUÊ?! QUER DIZER QUE EU SOU O PAI?


 

Luciana - Era, Afonso. Você ERA o pai. Eu não podia continuar com essa farsa e não sabia que consequências isso teria no futuro. Então... eu abortei.


 

Afonso - (pasmo) Você...


 

Luciana - (mostrando o exame do aborto) É, eu abortei. Não teria condições pra criar essa criança. E eu teria DÓ dela, tendo um pai cafajeste como você. Mas não pense que isso foi fácil pra mim. Chorei MUITO após o aborto, não sei se era essa a melhor saída. Mas enfim, já está feito e eu já disse tudo. Até mais, Afonso.


 


 

Luciana vai embora, deixando Afonso perplexo na mesa. Ele olha em cima da mesa e vê que Luciana esqueceu o exame. Ele agora sabia exatamente o que iria fazer.


 


 

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CENA 07: Ruas de Brasília


 

Jucineide está em frente ao seu prédio, comprando jornal em uma banca. Murilo surge por trás dela.


 


 

Jucineide - (sorrindo muito) Ai, que susto, praguinha! Quer me matar do coração?


 

Murilo - Você lendo jornal, Jucineide? Que milagre é esse? Aliás... Que sorriso é esse no rosto? O que você tá aprontando, maninha?


 

Jucineide - Já aprontei, fofo! Leia isso.


 


 

Ela entrega o jornal para Murilo, que lê um título e fica chocado.


 


 

Murilo - "Rosane Collor, Primeira Dama do Brasil, teria abortado filho de amante, segundo boatos". Que horror, Jucineide! Você não tem vergonha? Brincar com algo tão sério como mãe e filho...


 

Jucineide - Vai ter compaixão da nossa vovó tetraplégica e mijona, Murilo. A Rosane merece isso e muito mais.


 

Murilo - A Rosane está livre do Collor mais uma vez. Ela e o Rafael fugiram. Aproveite e fisgue logo o presidente, Juci.


 

Jucineide - (irritada) O QUÊ? Esse cara é MEU! Se aquela sem peito pensa que vai roubar o Rafael de mim, está muito enganada. Eu vou acabar com o romance daqueles dois e ele voltará para os MEUS braços, Murilo. E já sei o que farei.


 


 

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CENA 08: Gabinete Presidencial


 

Collor fala ao telefone.


 


 

Collor - Então você descobriu a pousada em que ele está? Vigie o dia inteiro. Assim que saírem, seja um dos dois ou ambos, pegue-nos e traga até mim. Estou cansado de lidar com esse rebeldezinho.


 


 

Ele desliga com força. Rosinete abre a porta.


 


 

Rosinete - Seu Collor, a vadia, namorada do Paulo, quer falar com o senhor.


 

Collor - (com sorriso safado) Pode deixá-la entrar. E está dispensada por hoje, Rosinete. Saia mais cedo.


 

Rosinete - AI, PATRÃOZINHO! Valeu! Eu te amo!


 

Collor - Eu também! Tanto que quero que saia mais cedo, pra me livrar logo de você. VÁ!


 

Rosinete - Que coice! Só porque sou preta!


 


 

Ela sai, furiosa. Suzana entra na sala em seguida. Collor logo se levanta e tranca a porta, agarrando Suzana e mordendo-lhe a orelha.


 


 

Suzana - Assim você me dá calasfrio, Có.


 

Collor - Veio pedir mais, não veio, piranha? Foi uma delícia ontem...


 

Suzana - Não. Já consegui o que eu quero.


 

Collor - Como assim? Não sou homem de pegar mulheres apenas uma vez. Quero repetir a dose pelo menos umas dez vezes!


 

Suzana - (rindo) Acha mermo que uma vagabunda totosa como eu, que pode dar pro Edilson Celulare, ia se oferecer pra um gostosinho quarqué? Se manca! (ela tira uma fita da bolsa) Eu filmei tudinho que nóis fizemos, Collor. E tenho cópias, mas não se precupe, só vou mostrar caso cê não bote uma boa quantia de dinhero aqui, no meu sutiã.


 

Collor - Piranha ordinária...


 

Suzana - Vai pô a bufunfa ou eu vou ter que mostrar a fita pa isprensa?


 


 

Irritado, Collor obedece, pondo uma boa quantia em dinheiro no meio dos seios de Suzana. Ela lhe beija maliciosamente e vai embora.


 


 

Collor - Essa prostitutazinha brincou com fogo...


 


 

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CENA 09: Galpão


 

Dezenas de políticos, policiais, advogados e protestantes estão sentados em um grande galpão, alugado por Thereza e Pedro, debatendo sobre a justiça na política e a ética presidencial. Thereza se levanta pede o silêncio de todos, começando a falar em um microfone:


 


 

Thereza - É com grande prazer que eu estou aqui para fazer um pedido a todos. Meu marido Pedro Collor e eu estamos há meses procurando reunir provas para tirar o presidente Fernando Collor do poder. As provas já foram entregues e uma grande investigação sobre o caso já foi aberta. Mas isso não basta. Nós PRECISAMOS de uma revolta popular para impulsionar o impeachment de Collor. Não bastam provas, documentos e acusações. A voz do povo é a voz de Deus. Por isso, senhoras e senhores, eu peço à todos aqui presentes que comecem a reunir a população para uma grande passeata pelas principais avenidas de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais do Brasil. Nós precisamos acabar com essa palhaçada, e só existe essa forma para atingirmos esse objetivo.


 


 

Todos aplaudem de pé o discurso de Thereza. Orgulhosa, ela sorri em direção à Pedro.


 


 

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CENA 10: Quarto de Joaquim


 

Afonso invade o quarto de Joaquim, que está sentado, tocando violão.


 


 

Afonso - Você devia tocar outra coisa ao invés de violão, sabia?


 

Joaquim - (parando de tocar) Oi?


 

Afonso - Você realmente acreditou naquela história de filho?


 

Joaquim - Do que está falando? Da Luciana?


 

Afonso - Claro que é sobre aquela gostosa. Sabia que ela abortou?


 

Joaquim - (rindo) Afonso, sua imbecilidade me impressiona. Chegou ao cúmulo de uma lorota sem sentido! Não caio mais nas suas mentiras para me separar do MEU amor.


 

Afonso - Verdade, ela te ama mesmo... Mas o filho que ela carregava no ventre era MEU. A Luciana escondeu de nós, mas já estava grávida há um bom tempo. E, como sabia que cedo ou tarde o cerco fecharia, decidiu abortar para não te enganar mais. Como sempre, eu me mostrei mais viril do que você, mano! Claro!


 

Joaquim - Não acredito em nada do que você diz.


 

Afonso - Pois leia.


 


 

Afonso entrega o exame de Luciana para Joaquim. Este lê, ficando furioso.


 


 

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CENA 11: Pousada "Bela Vista"


 

Dentro de um carro preto, o capanga misterioso de Collor (que não é revelado pelo vidro fumê) aguarda o casal sair do local. Depois de alguns segundos, isso acontece: Rafael e Rosane saem, aos beijos.


 


 

Rosane - Será mesmo que é seguro sairmos?


 

Rafael - Quero te levar para jantar fora, está tão fraquinha... O Collor nunca vai nos encontrar tão rapidamente, ainda mais em um local tão simples.


 

Rosane - Tudo bem... Mas não nego o meu medo.


 


 

Os dois, quando estão prestes a atravessar a rua, deparam-se com o carro preto surgindo em alta velocidade, na intenção de raptá-los. Eles se assustam.


 


 

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CENA 12: Casa da Dinda


 

Collor chega em casa, exausto. Arregaçando as mangas, ele se depara com um detetive e com Leda, de cabeça enfaixada.


 


 

Collor - Mas o que significa isso? O que esse cara quer aqui?


 

Leda - Filho, o detetive Gabriel está duvidando de mim! Ele não acreditou que eu machuquei minha cabeça durante uma queda, e quer investigar a casa. Por sinal, a Rosane já voltou do jantar com as amigas?


 

Collor - (entendendo o recado) Não, mamãe, sabe como são as mulheres. Rosane só volta de madrugada!


 

Detetive Gabriel - Serei bem direto, presidente. Eu quero fazer uma investigação completa na sua casa para checar as acusações feitas em revistas contra o que ocorre aqui dentro. A partir de hoje, você vai ter que andar na linha. Eu investigarei cada falcatrua sua!


 


 

Collor engole seco.


 

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