Capítulo 11

Postado por Administração ··· Collor às 20:55

Leia na íntegra o penúltimo capítulo da minissérie:


 


 


 


 


 

CENA 01: Casa da Dinda


 

O detetive Gabriel rodeia Collor e Leda, continuando a falar.


 


 

Detetive Gabriel - Sabia que eu votei em você, presidente? Aliás, eu e milhares de trouxas desse país. Confiava em cada palavra que o "presidente do povo" dizia. Só que eu jamais imaginei que o "caçador de marajás" se tornaria um marajá. Irônico, não? Bem, eu tenho aqui comigo uma ação judicial que permite que eu reviste cada milímetro quadrado dessa casa. Mas eu não farei isso, não se preocupe. O cerco está se fechando pra você, Collor. Você caiu em sua própria teia e agora não tem escapatória. (se dirigindo até a porta) Eu tenho mais um trabalho hoje a tarde. A propósito, o carro de Rosane está na garagem. Ela foi em um jantar de ônibus? Estranho... (sorri) Boa Noite. (fechando a porta)


 


 

Collor e Leda se olham.


 


 

Leda - Ele está certo, meu filho. Fin de ligne pra você.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 02: Pousada "Bela Vista"


 

O carro passa em alta velocidade ao lado de Rafael e Rosane. O capanga puxa Rosane, mas ela se solta e ele só consegue rasgar uma parte de seu vestido. Os dois percebem que estão correndo perigo e correm de volta para a pousada. O capanga decide não se expor agora que o plano deu errado, indo embora.


 


 

Rafael - DESGRAÇADO! Ele queria nos sequestrar, Rosane.


 

Rosane - Eu sei, meu amor. Temos que nos mudar daqui o mais rápido possível. Mais uma vez o Collor descobriu onde nós estamos.


 

Rafael - Mesmo que formos para o fim do mundo, ele nos achará.


 

Rosane - Mas aqui não é mais seguro, temos que encontrar outro lugar. Aquele capanga... ele não me é estranho, sabia?


 

Rafael - (estranhando) Você conhece ele?


 

Rosane - Não sei, mas aquela cara não me é estranha. Talvez seja só impressão. Se isso acontecer de novo, o Collor vai me pagar CARO. Eu vou na polícia e conto cada podre dele. Aí sim ele nos deixará em paz.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 03: Apartamento de Luciana


 

Joaquim invade o apartamento de Luciana, que está na sala lendo um livro.


 


 

Luciana - Joaquim?! Quem você pensa que é pra...


 

Joaquim - (furioso) CALA A BOCA, LUCIANA! Eu descobri tudo. Você... você realmente transou com o Afonso. E o pior, ENGRAVIDOU DAQUELE IMBECIL. COMO VOCÊ FEZ ISSO COMIGO, SUA VADIA?!


 

Luciana - Calma Joaquim, eu posso explicar...


 

Joaquim - Mas você queria esconder isso de mim, na esperança que eu nunca soubesse disso. Mas eu descobri tudo. Trepou, engravidou e ABORTOU! Você não presta, Luciana.


 

Luciana - E você acha que eu tinha que te aguentar também, Joaquim? Eu CANSEI de ser sua bonequinha de luxo. O Afonso me fez desejar ele e relembrar o nosso passado por causa do seu CIÚMES idiota. E eu abortei sim, sabe por quê? Porque eu te amo, EU TE AMO demais. E você NUNCA quis me entendeu, sempre achando que estava certo com o seu egocentrismo inútil. Cansei disso tudo. Vou embarcar amanhã à tarde pra Holanda e ficarei bem longe de todos vocês, pra sempre. (apontando para a porta) Vai embora, Joaquim. Me esquece, por favor.


 

Joaquim - Vocês se merecem... VOCÊS SE MERECEM! Adeus, Luciana.


 


 

Ele vai embora, fechando a porta com força. Luciana senta no sofá, chorando.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 04: Casa de Rosinete


 

Rosinete está deitada no colo de Michael no sofá, assistindo "A Lagoa Azul" na Sessão da Tarde e comendo pipoca.


 


 

Michael - Quantas vezes esse filme já passou na televisão, hein?


 

Rosinete - (lacrimejando) Não sei, só sei que sempre choro no final...


 


 

A porta é arrombada com brutalidade. Eles se assustam.


 


 

Detetive Gabriel - Olá... (olhando no papel) ...Rosinete Melanias. Você está presa.


 

Rosinete - (engasgando com uma pipoca) Eu estou o quê?!


 

Detetive Gabriel - Tenho uma ordem de prisão para você. A acusação que consta aqui é que você esteja desviando dinheiro público e fazendo uso próprio dele. Vamos homens, podem levá-la.


 

Rosinete - (sendo algemada pelos policiais) Desviando dinheiro?! Mas eu nem sei o que é isso!


 

Detetive Gabriel - Quem desvia dinheiro não tem uma casa tão uó como essa... Mas enfim, coloquem a prisioneira no carro.


 


 

O carro policial vai embora, levando Rosinete. Ela olha pelo vidro traseiro e espera que Michael faça alguma coisa. Mas ele apenas dá um "tchau" com as mãos e sorri maleficamente. Agora só faltava apenas uma parte para ele completar o seu plano.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 05: Aeroporto Internacional de Brasília


 

Zélia está caminhando em um aeroporto, repleta de malas.


 


 

Zélia - A coisa está ficando preta. É melhor eu dar uma saída do país enquanto há tempo, e o Collor que se vire e arque com as consequências do Plano Collor! Fui!


 


 

Ela entra na fila para a entrada de seu avião, partindo.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 06: Casa de PCF


 

Suzana e Paulo estão deitados em um sofá, assistindo televisão.


 


 

Jornalista - A secretária de Fernando Collor de Mello, Rosinete Melanias, foi presa acusada de liderar, efetuar e organizar atos de corrupção de dinheiro público, ou seja, desvio de verba pública. Cansado da situação em que o nosso país se encontra financeiramente depois das estratégias econômicas fracassadas de Collor, o povo já começou a se revoltar. Vários estudantes, jornalistas, advogados, políticos e gente de todo tipo, já estão preparando uma grande revolta e sairão nas ruas, exigindo a renúncia do presidente.


 

Paulo - Ih, meu bombom sensual... Acho que a coisa complicou pro lado do Collor!


 

Suzana - Ele vai sair eleso dessa, Paulinho. Collor é poderoso, vai manipulá toda a isprensa pra num precisa se dar mal. Mas, com certeza, logo ele perde a presidência.


 

Paulo - E quando isso acontecer, as maracutaias irão todas para cima de mim. Temos que fugir enquanto há tempo, bombom.


 

Suzana - E vamo pa onde?


 

Paulo - Uma casa de praia que eu tenho, lá em Alagoas. Calma, sossegada... Perfeita para nós dois!


 

Suzana - Parece totoso fazer séquisso lá. Vamo mermo!


 


 

Eles se beijam.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 07: Ruas de Brasília


 

Jucineide está dirigindo e falando no celular tijolão.


 


 

Jucineide - Alô? É o "capanga" do Collor? (ela gargalha) Que coisa mais ridícula, hein? Tendo que se submeter a isso! Então, fofo, eu preciso de um favor seu. Oras, não vai ter pagamento, sua praga! É algo simples. Eu quero saber o endereço da posada em que o Rafael e a Rosane estavam. O Collor me contou na nossa noitada que você quase os raptou. Isso, pode falar.


 


 

A vilã para o carro e anota em um papel, sorridente. A cena corta e agora se passa na pousada Bela Vista. Rafael e Rosane estão arrumando suas malas, apressados e assustados. Jucineide surge.


 


 

Jucineide - Onde pensam que vão, pombinhos?


 


 

Eles se espantam.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 08: Aeroporto Internacional de Brasília


 

Collor está carregando as malas de Leda, que caminha luxuosamente pelo aeroporto. Eles ouvem o último chamado para o voo Brasil-Paris.


 


 

Collor - Está na hora, mamãe.


 

Leda - Eu sei, idiota. Não sou surda.


 

Collor - Bem, quando você vai vir me visitar de novo?


 

Leda - Se Deus quiser e minha saúde permitir, eu JAMAIS botarei meus pés novamente nessa terra de ignorantes.


 

Collor - Mas afinal, por que vai embora?


 

Leda - Estou indo embora por SUA culpa. Eu falei tanto mal do Pedro, mas você é muito mais imbecil que ele. Você toma o poder de uma nação e não é capaz de fazer as coisas corretamente. Aliás, não é nem mesmo capaz de trepar com sua mulher pra manter ela nos eixos. Isso me decepcionou profundamente. Nenhuma mãe merece duas desgraças de filhos como vocês.


 

Collor - Eu fiz o que pude. Não me culpe, mamãe.


 

Leda - EU que fiz o que pude pra não tentar te expor e manter você no topo. Mas, você destruiu tudo. Au revoir, Collor. Não mantenha contato comigo e jamais me visite em Paris. Você me envergonha e eu tenho nojo de você.


 


 

Arrancando as malas das mãos dele, Leda embarca. O avião parte e Collor suspira profundamente.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 09: Casa da Dinda


 

Joaquim tranca a porta do seu quarto, chorando e descabelado. Desesperado, ele invade o banheiro e começa a quebrar tudo. Afonso ouve tudo do lado de fora.


 


 

Afonso - (gritando) Joaquim! Cara, o que houve? O que você está fazendo?


 


 

Mas Joaquim não lhe dá ouvidos. Pega um frasco com vários comprimidos e vira inteiro, botando todos os medicamentos em suas mãos e levando à boca. No instante em que iria tomar água para engolir, Afonso arromba a porta e corre até o banheiro, impedindo-o e fazendo com que ele cuspa tudo de volta.


 


 

Afonso - VOCÊ FICOU MALUCO?!


 

Joaquim - A Luciana é a minha razão de viver, já disse! Se ela foi capaz de me enganar tão brutalmente, foi a VIDA quem me trouxe a infelicidade eterna. Eu prefiro morrer do que sofrer para o resto da minha vida.


 

Afonso - Eu nunca imaginei que o seu amor pela Luciana era tão sério, cara... Tipo, Joaquim, não faz o meu tipo, mas você é meu irmão e, mesmo nos odiando, não quero que cometa barbaridades por minha culpa. Aquele beijo meu com a Luciana, lembra? Foi forçado. E aquela vez que você entrou no apartamento da Luciana e me encontrou só de cueca... Também foi armado por mim. Desde o começo, eu quem quis magoá-lo e me aproveitar da Luciana, Joaquim. No fundo, o amor de vocês é puro, e eu fui apenas uma tentação.


 


 

Joaquim fica chocado. Lilibeth entra, lacrimejando.


 


 

Lilibeth - Ô, meu bebê... (ela corre até ele e o abraça com força, emocionada) Se você AMA essa mulher como diz amar, a ponto de necessitar dela pra viver, LUTE até o fim. Eu conheço a Luciana e sei que ela é uma boa moça. Sei que o Afonso é um aproveitador e imagino que ela sofra tanto quanto você. Vá atrás dela e seja feliz. Eu amei na vida e perdi todos os meus amores... Por isso não sou tão feliz quanto mereço.


 


 

O rapaz fica balançado, abraçando a mãe, e chorando.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 10: Banco de Brasília


 

Michael entra no banco e vai até um dos caixas eletrônicos. Ele pega um cartão bancário onde se lê o nome ROSINETE MELANIAS.


 


 

Michael - (pensando) Essa idiota nem sabia da fortuna que os pais deixaram antes de morrerem pra ela. Não acredito que vou ganhar essa bufunfa toda, é como ter acertado na loteria. E meus amigos ainda diziam que casamento dá prejuízo...


 


 

Apertando diversos botões, ele envia para a sua conta uma gigantesca quantia em dinheiro. Ao sair do banco, gargalha alto e entra no carro do presidente.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 11: Escritório - Casa da Dinda


 

Collor está trancado em seu escritório domiciliar. Ele desliga o telefone, irritado.


 


 

Collor - Minha mãe pisou em mim e me abandonou... A Zélia foi pra Nova Iorque... O Paulo sumiu junto com aquela prostitutazinha... Jucineide mal transa comigo... Meus aliados políticos já estão diminuindo os laços que têm comigo, como se soubesse quem a qualquer momento eu posso afundar... O que fazer, Collor? Renunciar ou continuar no poder e se dando bem? Droga!


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 12: Pousada "Bela Vista"


 

Jucineide, Rafael e Rosane se encaram.


 


 

Jucineide - (descontrolada) Então o casal de pombinhos apaixonados estava escondido nessa porcariazinha! Incrível como eu realmente sempre roubo seus homens, não é, Rosane? Peguei o Collor e o Rafael! Qual será o próximo, sua fracassada?


 

Rosane - Rafael, você realmente se envolveu com essa piranha? Eu não posso acreditar...


 

Jucineide - O romance de vocês está com os dias contados. O Rafael eu amo DE VERDADE, Rosane, muito mais do que eu amo o Collor. EU NÃO SUPORTEI SER ESCORRAÇADA POR ELE! SE ELE NÃO FOR MEU, SEU É QUE NÃO SERÁ!


 

Rafael - Ela me enganou, Rosane. Mentiu para mim.


 

Rosane - Eu imagino. Essa mulher é uma víbora maldita... Eu te odeio com todas as minhas forças, Jucineide!


 

Jucineide - Eu também, fofa. E é justamente por te odiar tanto que eu não vou deixar você roubar o MEU amor e sair ilesa.


 

Rafael - Jucineide, você está descontrolada...


 

Jucineide - ÓBVIO QUE ESTOU! EU ME APAIXONEI POR VOCÊ DE CORPO E ALMA! A cada noitada que nós tínhamos quando eu ia te visitar no interior, cada relação que tivemos em motéis, cada beijo, cada carícia... Eu sou LOUCA por você, Rafa. Sem você, eu não tenho como voltar a ser feliz. Até do Collor eu me distanciei e deixei de ser sua cúmplice. COM A ROSANE, VOCÊ NÃO FICA! NÃO SUPORTO TER O MEU NOVO AMOR ROUBADO POR ESSA VAGABUNDA NOVAMENTE!


 

Rosane - Você é louca, sua atrevida!


 


 

As duas começam a se pegar no tapa. Rafael consegue separá-las. No mesmo instante, Murilo surge com panos em mãos. Passa o líquido nos panos e enfia na cara de Rafael, que desmaia. Em seguida, repete o processo com Rosane. Jucineide gargalha.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 13: Aeroporto Internacional de Brasília


 

"Atenção senhores passageiros do voo 279 Brasil-Holanda, chamada para o último embarque no guichê 7."


 


 

Luciana olha pela última vez uma foto dela beijando Joaquim em um parque de diversões. Uma lágrima cai de seu rosto e ela caminha em direção ao guichê.


 


 

Joaquim - (gritando pelo aeroporto) LUCIANA, LUCIANA!


 


 

Ela se espanta e olha para trás, vendo Joaquim correndo em sua direção.


 


 

Luciana - Joaquim?!


 

Joaquim - (cansado) Luciana... o que você... vai fazer na Holanda?


 

Luciana - Eu estou indo embora, Joaquim. Eu recebi uma oportunidade de estágio lá e não pensei duas vezes. Nada mais me prende no Brasil.


 

Joaquim - (agarrando seus braços) Você não pode ir embora antes de ouvir o que eu tenho pra te dizer.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 14: Ruas de Brasília


 

Uma grande massa popular avança em direção ao Palácio do Planalto. Todos com os rostos pintados de verde-e-amarelo e preto, estão segurando cartazes com os dizeres "FORA COLLOR", "ANOS REBELDES, PRÓXIMO CAPÍTULO: IMPEACHMENT DE COLLOR", "DIGNIDADE JÁ!"; entre outros. No meio da massa, não só trabalhadores e estudantes, mas políticos, advogados e pessoas da alta sociedade brasileira. O Brasil não suportava mais viver uma vida política de mentiras e corrupção, foi chamado de idiota e trouxa. Todos renunciavam a corrupção, todos renunciavam a indignidade, todos renunciavam a impunidade. Todos renunciavam Collor.


 


 

───────────────────────────────────────────────────────────


 


 

CENA 15: Armazém abandonado


 

Rafael está dormindo, amarrado em uma cadeira. Aos poucos, ele acorda, com dor de cabeça.


 


 

Rafael - (falando com dificuldade) Que dor... Onde é que eu estou?


 


 

Ele se assusta ao deparar-se com Jucineide, que roça a ponta de uma faca de leve em seu pescoço.


 


 

Jucineide - Bem vindo, meu amor! Vamos ficar juntinhos para sempre!


 

Rafael - Jucineide?! Você é maluca?


 

Jucineide - Sou. Sou maluca sim. Quais suas últimas palavras? Espero que seja um "eu te amo", porque daí, eu te mato sem dor alguma!


 


 

Ela gargalha. Os dois se encaram.


 

0 comentários

Postar um comentário