Leia na íntegra o segundo capítulo da minissérie: CENA 01: Motel "Lust & Love" A cena é focada em Lilibeth de frente, disparando um tiro. O tiro atinge a parede. Collor - VOCÊ É MALUCA, LILIBETH? Chorando, em transe, Lilibeth desiste e deixa a arma cair no chão. Lilibeth - Eu sou sim maluca. Não tenho limites. Mas isso tudo é culpa SUA! SUA E DESSA... DESSA PUTINHA DE ESQUINA! Collor - Você não tem noção do que acaba de tentar fazer? Assassinar o presidente da República... Eu posso acabar com você. Lilibeth - Ah, olha que fofo! Você PODE acabar comigo. O tempo passa, mas você nunca muda... Você já acabou comigo, seu filho de uma égua. Você destruiu a minha vida. Collor - Desde que te conheci tudo sempre conspira contra você. O que eu te fiz de mal, mulher? Lilibeth - O que me fez de mal? Vejamos... Lilibeth volta a pegar na arma, andando em círculos, mirando no casal. Lilibeth - Me maltratou logo no nosso primeiro dia de casamento. Me surrou TANTO durante nossa lua de mel que eu voltei de viagem surda de um ouvido. Como se não bastasse, foi um péssimo pai para o Afonso e o Joaquim. Quando nos separamos, conseguiu roubar os dois de meus braços. Ah, e por que nos separarmos mesmo? PORQUE VOCÊ ENGRAVIDOU ESSA VAGABUNDA! VOCÊ ME TRAIU COM UMA QUALQUER! EU PERDI OS RUMOS COM O QUE PASSEI! NUNCA MAIS SEREI A MESMA POR CULPA DESSE SOFRIMENTO, DESGRAÇADO! Mas agora, isso tudo VAI acabar! Eu vou destruir vocês antes que destruam o país! Jucineide - (berrando) Socorro! Socorro! Socorro! Seguranças do motel surgem e seguram Lilibeth, que se revolta, remexendo-se. Collor faz um sinal de cessamento para os seguranças e eles largam a socialite. Ela se aproxima de Collor e cospe em sua cara. Lilibeth - Não medirei esforços para transformar o seu governo em um inferno... Me aguarde. Eu VOU me vingar pela minha vida destruída. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 02: Cafeteria "Café Brasilis" Pedro - E o que faz com que você tenha tanto ódio assim do presidente? Rafael - Meu pai vendeu o seu caminhão e aplicou cada centavo dele em uma poupança, pensando que lucraria com os altos juros da época. Depois que as contas foram congeladas, ele entrou em desespero e morreu rapidamente. Thereza - (abanando para a porta) Ele chegou. Pela porta da cafeteria acabava de entrar um dos maiores jornalistas do país: Carlos Fonseca. Rafael - (apertando a mão) Prazer em conhecê-lo. Pedro e Thereza acabaram de me falar de você, é um dos jornalistas da revista Veja, não? Carlos - (retribuindo o aperto de mão) Exatamente. Essa história toda que está sendo criada em torno do presidente pode render excelentes matérias de capa. Pedro - O plano é o seguinte, Rafael: Você e Thereza irão reunir o maior número possível de provas contra o Collor, enquanto eu dou uma entrevista para a revista e conto cada podre dele, sem dó. Thereza - Ai que emocionante gente, já me sinto a própria Carmen Sandiego! Pedro - Não é uma tarefa difícil, ele esconde muitas coisas por baixo dos panos. Rafael - Eu imagino. Mas o grande problema será arrumar essas provas dentro da Casa da Dinda... ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 03: Jardins da Casa da Dinda Joaquim chega e se depara com Luciana e Afonso aos beijos. Ele lacrimeja. Joaquim - (irritado) LUCIANA... AFONSO... QUE PALHAÇADA É ESSA? Luciana e Afonso se soltam, assustados. Luciana - Joaquim, meu amor, eu posso explicar, foi uma fraqueza... Joaquim - CALA A BOCA, VADIA! EU SABIA QUE ISSO IA ACONTECER, SABIA! E VOCÊ COM PAPINHO DE CIÚMES! É UMA PIRANHA! Afonso - Joaquim, a culpa foi minha. Eu beijei a Luciana. Joaquim - Quando um não quer, dois não fazem. Você é um invejoso LAZARENTO. E quanto a você, Luciana... O pior erro que cometi em minha vida foi me apaixonar por você. DESAPAREÇA DO MEU CAMINHO! Luciana - Não seja radical, eu te amo, Joaquim... Ele sai correndo, irritado. Afonso - Ele sempre foi assim, estressado. (se aproximando de Luciana novamente) Esquece ele e fica comigo. Luciana - COMO OUSA? (dá um tabefe em Afonso) Eu vou embora. O Joaquim tem razão e foi bem claro. Acabou! ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 04: Quarto de Collor e Rosane Collor chega bufando e extremamente nervoso, subindo a escadaria da casa. Destranca o quarto onde havia largado Rosane completamente destruída. Rosane - (com tom de ódio) Você chegou... Comeu muito aquela biscatinha? Collor - Você está me desafiando? Quer levar outra surra de novo, quer? Rosane - Eu quero é que você vá pro meio do inferno, seu... Ele não pensa duas vezes e dá um tapão na cara de Rosane. Collor - Eu chego em casa e tenho que ouvir essa merda que você diz? Você é uma inútil, Rosane, não presta nem mesmo pra um casamento de fachada. Rosane - (totalmente descontrolada) NÃO AGUENTO MAIS ISSO! VOCÊ NÃO PODE ME TRATAR DESSE JEITO, SEU DESGRAÇADO! Rosane parte para cima de Collor, arranhando sua cara com todas as suas forças. Mas Collor a segura e a empurra para a cama, arrancando o cinto. Collor - Você pediu, Rosane... Leda - (observando a cena) Que palhaçada é essa aqui? ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 05: Ruas de Brasília Lilibeth dirige seu carro em alta velocidade enquanto chora. Lilibeth - (enxugando as lágrimas) Eu devia ter prosseguido e estourado a cara daquele monstro. Fui fraca... Collor nunca teve piedade de mim, e eu tive dele. Sou uma burra, burra! A cena mostra Rafael, também dirigindo seu humilde carro. Ele passa por um cruzamento que Lilibeth também segue, porém no sentido oposto. Quando ele tenta atravessar, Lilibeth freia bruscamente e gira com o carro para não atingi-lo. Ambos saem de seus carros. Lilibeth - FICOU MALUCO? VOCÊ QUASE SE MATOU! Rafael - Eu? Eu quase me matei? Você que é uma perua louca e não sabe obedecer velocímetros! Lilibeth - Você tinha bem mais capacidade de frear do que eu, mas não, preferiu arriscar com seu instinto suicida! Retardado! Ah, se meu carro sofresse qualquer prejuízo, eu acabaria com a sua raça! Rafael - Sinto muito, mas tenho mais com o que me preocupar do que com uma riquinha barbeira. Volte à auto-escola e depois nós conversamos. Até a próxima! Rafael entra em seu carro e parte. Lilibeth fica inconformada. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 06: Ponto de ônibus Rosinete - (aos berros) EI, ESPERAAA! Ela tenta correr o máximo que pode para alcançar o ônibus no ponto. Inesperadamente, o seu salto quebra em um buraco na calçada e ela cai de cara no chão, perdendo o ônibus. Rosinete - (choramingando) Até quando eu vou ter que suportar essa minha vida de pobre? (catando sua bolsa e seus papéis) Tenho que fazer hora extra pra ganhar alguns centavos a mais e ainda por cima quebro o meu sapato que comprei em 12 vezes com juros. Assim não dá, Deus é muito injusto comig... Um carro encosta ao seu lado e buzina. Michael - Ei moça, precisa de ajuda? Rosinete - (se levantando, assustada) Pode levar o dinheiro e tudo o que você quiser. Só não me mata, por favor! Michael - (abrindo a porta do carro e piscando para Rosinete) Entra aí, eu te dou uma carona. Os olhos de Rosinete brilham e ela não pensa duas vezes antes de aceitar a carona. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 07: Quarto de Collor e Rosane Rosane e Collor olham em direção à porta. Diante deles estava Leda Collor. Leda - Que idiotice é essa aqui? Collor - Mamãe, eu... Leda - Se taire! Não diga mais nada. Saia! Fernando James entra no quarto e fica chocado ao ver Rosane naquele estado. Mas não se abala: Fernando - Ele acabou com você né? Bem feito, mas ele foi muito cuidadoso. Se fosse eu, faria muito pior. Leda – Mas era só o que me faltava mesmo. O bastardinho se infiltrando nos cômodos dessa mansão. Só não é mais patético do que ver você arrasada aí nessa cama, Rosane. (caminhando ao redor da cama, com olhar de nojo para Rosane) Onde é que eu estava com a cabeça ao obrigar o meu filho a se casar com você? Coisinha deplorável, onde já se viu uma primeira dama tão mongol e tão ignorante assim? Coitadinha de você, Rosane, tão burrinha, tão tolinha... Se você agride o seu marido por ter uma amante, o que vai fazer quando souber que ele não tem uma, mas sim um bordel inteiro? Rosane tenta dizer algo, mas as palavras não saem de sua boca. Leda caminha lentamente em direção à porta, onde para e pisa com força em um lenço de Rosane que estava no chão. Leda - Você apenas está recebendo o que merece. As pragas devem ser tratadas como pragas, ou elas começam a achar que podem demais e destroem os campos em que vivem. Eu não vou deixar você e nem ninguém acabar com o triunfo de meu filho. Largando o lenço pisoteado na cara de Rosane, Leda vai embora e apaga a luz; deixando Rosane chorando no escuro. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 08: Apartamento de Jucineide Braz Jucineide entra e depara-se com seu irmão, Murilo, esparramado no sofá. Jucineide - ACORDA, MURILO! Murilo - Ah, maninha, só mais um pouco! Jucineide - Acorda AGORA, vagabundo, ou eu te boto pra fora desse apartamento na marra! Que vida medíocre você leva: trepa, come, dorme, trepa, come, dorme... Mamãe devia ter abortado quando você surgiu no útero dela. Não foi um filho, e sim uma praga. Tanto para mim quanto para ela! Inútil! Murilo - Tá bom, tá bom, já cansei de ouvir seus sermões repetidos! Por que está irritada? Aliás, você é irritada por natureza. Jucineide - Mas hoje, tenho bons motivos, e que não lhe interessam. Murilo, pela primeira vez na vida, eu preciso de você. Murilo - Se for roubada, não me meta. Jucineide - Praguinha queridinha, eu não estou pedindo um favor. Eu estou EXIGINDO que você me obedeça e cale a boca se preza o que tem no meio das pernas. Murilo - Fala, vai... Jucineide - Aproxime-se da Rosane, a songa monga sem peito que o Collor escolheu como esposa. Murilo - Ela até que é gostosa, mas eu não vou me envolver com a mulher do PRESIDENTE! Jucineide - É profissional, fofinho. Dê um jeito de se aproximar dela e arranque informações que possam ser úteis para destruí-la. Murilo - Já que não tenho outra opção né... Farei. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 09: Rua da casa de Rosinete Michael - É aqui mesmo? Rosinete - Sim, é aqui (abrindo a porta do carro) Obrigada pela carona, você foi muito gentil. Michael - (segurando Rosinete pelo braço) Ei ei, calma aí. A gente pode se encontrar mais vezes? Rosinete - É claro que sim, não sei como não nos conhecemos antes, já que trabalhamos pro mesmo patrãozinho. Michael - Eu te procurarei mais vezes então. Quem sabe um dia desses a gente não sai pra... dar uma curtida? Rosinete - É, pode ser. Mas tem que ser depois da minha hora extra e você que vai pagar as contas, não posso gastar o dinheiro que estou economizando pra comprar aquele "Mega Shake Emagrecetor 5.0". Michael - Você acredita que essas coisas realmente funcionam? Rosinete - Claro, se não nem venderiam na TV, né? Bom, to indo porque eu preciso dar o resto do almoço pra minha cachorra. Michael diz tchau e tenta beijar Rosinete, mas ela desvia e sai rapidamente do carro. Do lado de fora, ela manda para ele um "beijinho" com a mão. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 10: Escritório de Paulo César Faria PCF assina alguns papéis em sua mesa. O telefone toca. Paulo - Como é? Jucineide Braz querendo falar comigo? Ih, é a amante do meu patrãozote... Ele não me deixa se intrometer nos assuntos pessoais dele. Mande-a embora! Ele desliga. Depois de alguns segundos, Jucineide invade a sala, empurrando a secretária, que tenta barrá-la. Jucineide - Estranho, fofinho! Sua secretária havia me dito que você estava em uma reunião importantíssima. Já acabou? Paulo - Ela se enganou. Jucineide - Aham Paulo, senta lá. Vamos direto ao assunto? Paulo - Qual seria o assunto, dona Jucimara? Jucineide - Jucineide, seu débil mental. Paulo - Desculpe, tenho uma leve dificuldade em decorar nomes. Jucineide - Vim propor uma aliança. Paulo César, quanto você quer para invadir a conta da Rosane e fazer um desvio para que ela seja acusada de corrupção? Paulo - (engasgado) Eu? Acusar a Rosana de corrupção? O patrãozote me degolaria! Jamais! Jucineide - (abrindo a bolsa e roçando um maço de dólares na boca dele) Tem certeza do que diz? Paulo - É pra hoje? Jucineide sorri venenosamente. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 11: Casa de Thereza e Pedro Michael leva Leda até a casa de Pedro e Thereza. Após tocar a campainha, Thereza abre a porta, surpresa. Thereza - Dona Leda Collor? Leda - (entrando e observando a casa) Nunca pensei que visitaria a pocilga onde vocês moram. É pior do que eu imaginava. Thereza - Epa epa, alto lá! Você sabe muito bem que essa casa foi arquitetada pelo melhor arquiteto do país e decorada por um renomado artista espanhol. Leda - De que adianta tanto luxo em uma casa se um lixo cafona e brega como você acaba com toda essa atmosfera de ostentação? Pedro Collor desce as escadas e reconhece sua mãe de longe. Pedro - Já voltou da França? O que está fazendo aqui? Leda - Preferia não ter voltado de lá, já que era pra botar os meus pés nessa terra de tupiniquins e agora nesse uó aqui disfarçado de mansão. Pedro – O que você veio fazer aqui? Não vou aceitar suas provocações debaixo do meu teto, ouviu? Leda – Eu serei breve, Pedro: pare de armar contra o seu irmão ou vai se arrepender amargamente! Eu sei que você vai fazer de tudo pra destruir a carreira dele, mas eu não vou deixar, entendeu? EU NÃO VOU DEIXAR! ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 12: Exterior da Casa da Dinda Um carro preto estaciona no portão da enorme mansão. O segurança se aproxima. Carlos - Sou Carlos Lacerda, jornalista da revista Veja. Estou acompanhado deste rapaz, meu... Meu estagiário. Tenho uma entrevista marcada com Fernando Collor de Mello a respeito de seus projetos de governo. O segurança libera a entrada e o carro prossegue. Eles saem ao pararem em frente à entrada. Rafael - Não imagina o ódio que eu sinto por esse lugar. Carlos - Imagino. Aí é um centro de falcatruas, meu companheiro. Há quem diga que Collor e Rosane fazem até macumba contra os opositores! Rafael - Barbaridade... Eles tocam a campainha. Rosane, que estava na sala, enxuga suas lágrimas com pressa, disfarça os estragos e abre a porta. Rafael e Rosane se olham, encantados um pelo outro.
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