Leia na íntegra o terceiro capítulo da minissérie: CENA 01: Exterior da Casa da Dinda Rosane e Rafael se olham, encantados. Carlos percebe o clima e estranha. Depois de alguns segundos, Rosane desvia o olhar. Rosane - (gaguejando) O que os senhores desejam? Carlos - Eu sou Carlos Lacerda, jornalista da revista Veja. Tenho uma entrevista marcada com seu marido. Rafael - (sem tirar os olhos dela) Ele se encontra? Rosane - Meu marido não está. Marquem para outra data. Rafael - O que são essas marcas em seu rosto? Sem perceber, Rafael leva sua mão à bochecha roxa da protagonista. Ela abre a boca para falar, mas não consegue. Rosane - Escuta aqui! Isso não é do seu interesse, rapaz! Rafael - O Collor te maltrata, não é, dona Rosane? Rosane - Já disse que não é da sua conta. E se quer saber, meu marido é o melhor homem do Universo. Eu caí e me machuquei, apenas isso. Pelo visto, vocês não passam de dois opositores invejosos que querem arruinar com nossas vidas! Saiam agora daqui, vamos! Carlos - Rosane, eu sei que você está sofrendo... Rosane - SAIAM! Rafael e Carlos se olham e entram no carro, indo embora. Rosane volta para a sala, pensativa, suspirando por Rafael. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 02: Escritório de Paulo César Faria Jucineide tira o maço de dólares da boca de PCF. Jucineide - Bom garoto. Assim que se fala, fofo. Obedeça e não irá se arrepender. Paulo - Mas o meu patrãozote não pode desconfiar de nada! Jucineide - Fofo, se eu não fosse uma mulher discreta, certamente já teriam saído milhares de notícias a respeito de meu caso com ele. Raciocinar faz bem pra saúde, viu, ameba? Paulo - Faz sentido, mas... Como eu vou fazer isso? Jucineide - Paulo, eu estou começando a pensar em desistir... Mas não tenho outra opção. Terei que depender dessa anta fedida. É muito simples, seu idiota: você tem acesso à todos os documentos do Collor, logo, tem acesso à documentos e registros bancários. Pode muito bem invadir a conta da sem peito e fazer um desvio de verba pública. Paulo - Vão desconfiar de mim. Jucineide - Vão sim, e você, como todo bom laranja, irá se defender! Onde está sua capacidade de persuasão, bolota? Pense grande! Paulo - Está bem, Juciara. Eu farei o combinado. Jucineide - (jogando todo o dinheiro da bolsa na mesa) Ótimo. Ah, e só pra deixar avisado... Caso você esteja disposto a me enganar ou me trair, pode ir avisando pra sua família de baleias deixar pronto o seu velório. Talvez eu dê uma passada lá. Abraços! Ela sai. PCF limpa a testa suada, nervoso. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 03: Casa de Thereza e Pedro Pedro - Que armação eu estou fazendo contra o Collor? Virou vidente? Leda - Não preciso ser vidente pra perceber a inveja sobre o Fernando no seu olhar. Thereza - Mas o que é isso gente, que velha abusada! Pedro - Thereza, controle-se. Leda - Serei direta com vocês: não brinquem com fogo, d'accord? Ou podem se queimar profundamente. Você sempre teve uma inveja enorme da superioridade do Fernando sobre você, Pedro. Nunca aceitou ele ser o melhor em tudo, enquanto você se esforçava pra chegar aos pés dele. Enfim, só quero prevenir: não chegue perto dele, não tente ofuscar o seu brilho. Ou eu terei que tomar decisões nada agradáveis. Pedro - Pois saiba que eu não tenho medo de você, "mère chéri". Sei que Collor sempre foi um infeliz e frustrado e tudo que fez, e você sempre deu corda pras idiotices dele. Se você nunca deu a educação que aquele imaturo idiota merecia, eu darei daqui pra frente. Me aguarde. Leda sorri falsamente para os dois e vai embora. Thereza - Ela não estava brincando. Pedro - Eu sei. Temos que ficar de olho nela. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 04: Sala de Estar - Casa da Dinda O interfone toca e Rosane atende: Rosane - Que é? (pausa) Mais um jornalista frustrado tentando uma entrevista? Já não dei ordens pra... (pausa) Tem certeza? (pausa) Ai ok, manda ele entrar, vai. Pela porta principal, aparece Murilo Braz segurando uma caixa de finos bombons. Murilo - Rosaneee, que saudades! (beijando e abraçando-a) Nunca imaginei que aquela meninota tímida da 5ª série ia virar a primeira-dama do Brasil, que demais hein?! Rosane - Pois é, nem eu imaginava. Mas... eu não me lembro de você. A gente estudava na mesma classe? Murilo - (disfarçando e inventando qualquer coisa) Ahn... claro que sim, poxa! Eu sentava atrás de você, a gente batia altos papos na chatérrima aula de Matemática. Rosane – (fingindo que lembra pra não passar vergonha) Ahhh claro, agora eu lembrei de você! Ah, obrigada pelos chocolates. Agora me conte, o que você está fazendo da vida? ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 05: Palácio do Planalto Collor e Zélia conversam. Zélia - Collor, eu vim te dar meus parabéns. O "Plano Collor" foi um sucesso! Todos nós lucramos muito mais do que eu imaginava. Collor - Eu disse que você não se arrependeria de botá-lo em prática. Confie sempre em meus investimentos, Zélia. Em breve, estaremos com mais dinheiro no bolso do que o primeiro ministro da Inglaterra. Zélia - E em breve o Brasil estará extinto, caso toda essa corrupção continue. Collor - Pouco me importa. Não estou aqui para ajudar o país, e sim para me dar bem. Esse é, sempre foi e sempre será meu objetivo de vida. E eu concretizei! Zélia - Você não tem medo? Quase todos te desprezam. Você possui grande força apenas no nordeste. Eles podem armar para te derrubar, Collor, e podem conseguir. Collor - Zélia, eu não tenho medo de ninguém. Todos que ousarem me desafiar e conseguirem resultados serão devidamente punidos. Eu não medirei esforços para tirar opositores de nosso caminho. Inclusive, tem um que eu acho que pode me trazer problemas... Zélia - Aquele falido de pai morto que você me contou sobre? Collor - Exato. Preciso pensar em uma maneira de contê-lo. Aquele bandidinho é pobre e pobre adora fazer drama. Logo aparece num telejornal sensacionalista metendo o pau em mim! ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 06: Sala de Estar - Casa da Dinda Murilo se despede de Rosane e promete ir visitá-la mais vezes. Rosane volta a atenção à sala e percebe a presença de Joaquim, sentado em um sofá, olhando para a parede. Rosane - Joaquim, que desânimo é esse? Joaquim - Nada. Rosane - Não tente mentir pra mim, eu sei quando você está diferente (sentando ao seu lado e colocando sua mão sobre as de Joaquim) Me conte, o que aconteceu entre você e a Luciana? Joaquim - Tsc... Ela é uma vaca. Encontrei ela beijando o Afonso, aquela cretina sem vergonha. Rosane - Com o Afonso?! Joaquim - Pois é, com o Afonso. Ele é outro tosco, imbecil. Rosane - Não fique assim, vai. Se você for falar com ela e tentar esclarecer as coisas, ela vai te explicar o que aconteceu de verdade. Joaquim - É... Boa ideia, vou tirar isso a limpo agora mesmo. Por trás da porta, Afonso ouve cada palavra da conversa. Afonso - Hmmmm, reatar com a Luciana... Já sei o que vou fazer. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 07: Casa dos Silva Rafael chega em casa. Madalena, com rosto ainda choroso, recepciona o filho. Madalena - O que você aprontou, Rafael? Você realmente está insistindo nessa história de vingança de cinema? Rafael - Isso se chama justiça. Madalena - Isso não passa de uma travessura de criança! Francamente, que péssima educação eu lhe dei, garoto. Um rapaz tão bonito, tão educado, tão inteligente, vai acabar destruindo sua própria vida por um orgulho inútil. Meu filho, sei que você sofre com a morte do seu pai, mas ele se foi. Não queira amenizar essa dor jogando a culpa sobre quem simplesmente fez um investimento político pelo bem do nosso país. Não há sentido nessa bobagem. Rafael - (irritado) Basta, mãe! A senhora vai defender aquele crápula até quando? Ele nos deixou na miséria. Quero só ver no fim do mês com qual dinheiro nós vamos comprar comida. Aquele filho da mãe deu um golpe no país inteiro e merece ser punido, não só pela morte do papai, mas sim por todo o mal que ele está causando para o Brasil. Vou me vingar do Collor e você não conseguirá me impedir. Madalena - Ser patriota é coisa de gente brega! Rafael - A senhora já procurou se olhar no espelho? Rafael se tranca no quarto. Madalena fica irritada e grita. Madalena - Pois se eu tiver que apoiar um lado, será o do presidente ao qual eu votei e ao qual eu confio. Esteja avisado! ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 08: Park Shopping Lilibeth e Thereza passeiam pelos corredores do shopping apreciando bolsas, roupas e calçados. Thereza - Ali, Lilibeth. Olha aquele vestido na vitrine, que ma-ra-vi-lho-so! Puxando Lilibeth pelo braço, as duas entram na loja e deliram em cima de cada peça de roupa. Lilibeth - Gente, não sei qual desses vestidos é o mais perfeito! Thereza - Olha esse aqui! Ave Maria, passo mal! Silvia - Posso ajudar em alguma coisa? Thereza - Pode sim, bonitinha. Qual é o preço desse aqui? Silvia - Até alguns minutos estava Cr$ 70.000, mas agora está Cr$ 350.000. À vista, claro. Thereza - Calma aí, você está me dizendo que de um minuto para o outro esse vestido subiu tudo isso? Lilibeth - Mas isso é um absurdo! Silvia - Não, ele subiu a partir do momento que você entrou naquela porta. Thereza - (de boca aberta e furiosa) Escuta aqui ô criatura, você tem IDEIA de com quem você ta falando? Você ta querendo me passar a perna, é? Silvia - Não, magina. Impressão sua "queridinha"... Thereza fica revoltada e dá uma bolsada violenta na cara da vendedora. Subindo em cima de uma mesa, ela começa a berrar para todas as clientes: Thereza - Essas vendedoras trambiqueiras aqui estão tentando passar a perna em nós, madames. Estão nos chamando de peruas ignorantes. Nós vamos deixar elas fazerem isso sem dizermos NADA? Todas as clientes concordam e começam a fazer um quebra-quebra na loja ao lado de Thereza, rasgando dezenas de roupas e causando um alvoroço no shopping. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 09: Sala de Estar - Casa da Dinda Rosane lê uma revista na poltrona. A campainha toca. Ela abre a porta e dá de cara com Jucineide. As duas se encaram. Jucineide - Oi, Rosane. Eu vim visitar o meu filho. Rosane - Eu também estou muito bem, obrigada, Jucineide! Jucineide - Poupe-me. Você nunca foi com a minha cara. Adora falar mal de mim pelas costas que eu sei muito bem, fofa. Rosane - O seu filho não está. E sabe por quê? Por culpa da sua irresponsabilidade como mãe. Não deu nenhum instinto de carinho e proteção ao moleque. Ele passa o dia inteiro com os amigos skatistas vândalos na rua. Sabe-se lá o que apronta... Você só teve o Fernando James pra tentar laçar o Collor, né? Jucineide - Pelo menos eu tive a capacidade de dar um filho pro seu homem, sua sem peito. Rosane - Verdade, é uma pena que o Collor tenha ME escolhido como sua esposa, e não você, que nem grávida conseguiu dar o golpe! Jucineide - (dá um tabefe em Rosane) SUA ATREVIDA! Rosane - (gritando) Eu?! EU sou a atrevida? Sua piranha, você vem na minha casa, me ofende e me bate e EU sou a atrevida? Despeitada! Recalcada! Puta! Vendida! Interesseira! Vaga... As duas se pegam na porrada, uma puxando o cabelo da outra. Os empregados logo surgem e conseguem separar a briga. Jucineide - POSSO SER ISSO TUDO QUE VOCÊ DISSE, MAS NÃO SOU CORNA! Rosane - O que você está querendo insinuar?! Jucineide - O COLLOR ME AMA! O COLLOR NUNCA ME ABANDONOU COMO VOCÊ PENSA! NUNCA! O COLLOR ESTÁ AO MEU LADO DESDE SEMPRE! NÓS TRANSAMOS TODAS AS NOITES EM QUE ELE MENTE ESTAR EM UM JANTAR DE NEGÓCIOS, ROSANE! Rosane se espanta. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 10: Casa de Pedro e Thereza Pedro - Eu posso saber o que é que aconteceu pra vocês duas QUASE irem presas? Thereza - Ai maridinho, aquela vendedora jararaca queria me passar a perna. Acredita que a trambiqueira queria me cobrar quase 5 vezes mais do que o vestido valia? Lilibeth - Foi isso mesmo. Aquelas lá são umas sa-fa-das! Pedro - Meu Deus do céu, Thereza! Quando é que você vai aprender a se controlar? É só você dar uma saidinha que faz esse tendeu todo! Thereza - Não sei, meu docinho. Mas imagina só eu naquela prisão pequenininha com aqueles negões gostos... digo, fedidos? Eu tenho claustrofobia! A campainha toca. Pedro abre a porta e Rafael o cumprimenta. Rafael - Olá Pedro, eu vim aqui para... (olhando para a sala e vendo Lilibeth) O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI?! Lilibeth - Você?! Eu que pergunto, veio fazer o que aqui? Os dois se encaram, assustados. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 11: Apartamento de Luciana Luciana está assistindo à televisão quando alguém bate em sua porta Luciana - Afonso? Eu já não disse que eu... Afonso - Calma Luciana. Eu não vim aqui por sua causa. Eu estava... (inventando qualquer coisa) fazendo uma caminhada por aqui perto e me veio uma vontade imensa de ir ao banheiro. Posso usar o seu, por favor? Luciana - Você sabia que as árvores adoram ser molhadas de vez em quando? Que desculpa hein Afonso! Sem dar ouvidos à Luciana, Afonso entra correndo e vai ao banheiro. Minutos depois, alguém bate na porta também. Luciana - (espantada) JOAQUIM? Joaquim - Luciana, me desculpe, meu amor. Eu não podia ter te tratado daquele jeito. Fui grosso, infantil e... Por que você está tão nervosa? Dos fundos do apartamento, Afonso surge trajando apenas uma cueca. Joaquim - (em choque) O quê... O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI DESSE JEITO, LUCIANA? Luciana olha fixamente para Afonso, também boquiaberta. Afonso agarra Luciana e a beija. ─────────────────────────────────────────────────────────── CENA 12: Sala de Estar - Casa da Dinda Rosane se desespera. Rosane - (chorando) Você está mentindo, sua cobra... Eu não acredito nisso. Jucineide - As evidências não são claras, sua lesma? Quer que eu conte os detalhes? Faço questão! Rosane - CHEGA! Rosane empurra Jucineide e ela revida. As duas começam a se esbofetear novamente, mas os empregados soltam as duas rapidamente. Rosane chora alto. Jucineide - Largue o Collor. Ele nunca te amou e nunca vai te amar. Ele ama exclusivamente a mim. Só não se casou comigo porque a mãe dele me despreza e o obrigou a tomar a burrice de levar você ao altar. Eu e Collor nos amamos e nunca nos separamos. Rosane - Por favor, Jucineide, eu imploro... Se for mentira, não prossiga... Eu estou com vontade de me enforcar... Não continue me torturando com uma farsa. Jucineide - Eu não estou mentindo. Sou e sempre fui amante do Collor. Não podia nem te revelar isso. Agora me surpreenda que você nunca tenha desconfiado. Você é tão seca, tão ridícula... Já eu, um mulherão suculento! Eu te humilho, Rosane, te humilho na cama, na eficiência e te humilho até roubando o seu macho! Collor é uma delícia, tem pegada, NUNCA sentiria um pingo de fogo ou de paixão por uma mosca morta recheada de bosta feito você! Jucineide gargalha maleficamente. Rosane tenta dar um tabefe na cara da rival, mas Collor entra na cena, deparando-se com o embate. Collor - (nervoso) Rosane?! Ju... Jucineide?! O que diabos está acontecendo aqui! Rosane - (encarando o marido com ódio) Eu exijo saber a verdade, Collor. Você me traiu durante esse tempo todo? Você REALMENTE ainda mantém um caso com a Jucineide? Collor fica sem palavras, trocando olhares com Jucineide e a esposa.
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