Capítulo 9

Postado por Administração ··· Collor às 10:19

Leia na íntegra o nono capítulo da minissérie:


 


 


 


 


 

CENA 01: Gabinete Presidencial


 

Collor, depois de encarar Rafael demoradamente, levanta-se, bufando de raiva.


 


 

Collor - Então você teve a cara de pau de retornar, garoto? Soube que você não morreu no incêndio, mas pensei que com a morte sua mãe, você se tocaria e iria embora para sempre. Eu sou até bacana de ter te dado essa chance de fugir, não mandei te perseguirem... Mas, pelo visto, você não soube aproveitar.


 

Rafael - Não é uma questão de medo ou fuga, Collor. A minha DIGNIDADE me impede de fugir das suas canalhices. Eu me afastei por um tempo para zelar a minha vida, mas não significava que eu não voltaria para te infernizar. Eu vou provar que você foi o responsável pelo assassinato da minha mãe e, mais do que isso, vou auxiliar das melhores maneiras possíveis o seu impeachment.


 

Collor - (rindo, irônico) Rafael, você é tão inteligente! Olha só a sua amadinha, Rosane, minha esposa! Depois de me desafiar, me trair e quase me expor a um escândalo matrimonial, está sendo maltratada e devidamente punida como ela merece! Você também quer sofrer como ela? Que romântico!


 

Rafael - (furioso) Seu crápula, o que você está fazendo com a Rosane?


 

Collor - Eu? Nada! Nós nem nos falamos direito depois da humilhação que ela me causou me traindo com você. A minha mãe que está dando uns corretivos naquela rebelde. E, pelo o que pude perceber, você também voltou pedindo um BOM corretivo!


 

Rafael - A Rosane pode até ser uma corrupta falseta como você, mas eu não vou permitir que ela continua sofrendo nas suas mãos. Eu vou livrar ela desse inferno!


 

Collor - Veremos, querido. Veremos...


 

Rafael - Veremos.


 


 

Rafael encara Collor por mais um tempo, saindo em seguida.


 


 

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CENA 02: Quarto de Collor e Rosane


 

Rosane olha para a mancha de sangue, aterrorizada. Sem saber direito o que fazer, ela corre para o banheiro do seu quarto. Tirando toda a roupa e se olhando no espelho, ela percebe que o sangramento vaginal não para e continua escorrendo por entre suas pernas.


 


 

Rosane - Meu Deus do céu, o que é que está acontecendo?!


 


 

Entrando no chuveiro e se limpando, Rosane olha para o chão e dá um grito de horror. Ela havia abortado o seu filho com Rafael.


 


 

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CENA 03: Casa da Dinda


 

Joaquim, Afonso e Luciana se olham, sendo que esta está muito nervosa.


 


 

Afonso – Luciana, por favor... Eu posso ou não ser o pai dessa criança?


 

Joaquim – Então vocês realmente transaram?! FILHOS DA...


 

Luciana – (interrompendo Joaquim com um abraço) Sim, Joaquim. Foi um momento de erro. Mas isso foi há mais de um mês, e a minha gravidez é recente, ou seja, o pai só pode ser você, já que foi apenas com você que eu transei durante esse período.


 

Joaquim – Você jura, Luciana?


 

Afonso – Eu juro por ela. É verdade, então não há como eu ser o pai dessa criança. Ainda bem! Deus me livre cuidar de um pivete! Nunca que eu assumiria.


 

Luciana – Já imaginava, Afonso. Enfim, Joaquim, o filho é mesmo seu. Não se torture com pensamentos errados.


 

Joaquim – Então eu já posso voltar a comemorar!


 


 

Animados e emocionados, os dois se beijam novamente. Pela expressão facial de Afonso, percebe-se que ele ficou em dúvida.


 


 

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CENA 04: Quarto de Collor e Rosane


 

Rosane está sentada na cama, chorando inconsolavelmente pela perda de seu filho. Leda destranca a porta do quarto e entra.


 


 

Leda - Como você é tola, Rosane... Realmente achou que eu deixaria mais um bastardinho arruinar a minha família? Eu sei que aquele filho não era do Collor, mas sim de algum pobreta revolucionário que você se engraçou.


 

Rosane - (destruída e furiosa) Você matou o meu filho, sua velha desgraçada... VOCÊ PASSOU DE TODOS LIMITES! EU NÃO AGUENTO MAIS TER QUE VIVER NESSE INFERNO, CHEGA!


 


 

Levantando-se e agarrando Leda pelos cabelos, Rosane a empurra a cabeça da sogra várias vezes contra um espelho na parede, fazendo o espelho se rachar, enquanto a testa de Leda fica ensanguentada.


 


 

Rosane - (descontrolada) Eu cansei disso tudo, cansei de ser humilhada por você, VACA FILHA DA MÃE.


 


 

Ela empurra pela última vez a sogra contra o espelho e a solta, fazendo Leda cair desmaiada no chão. Rosane sai do quarto e tranca a porta por fora, descendo a escadaria principal da casa.


 


 

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CENA 05: Flat de Thereza Collor


 

Pedro está de cama, recebendo colheradas de sopa de Thereza.


 


 

Pedro – Não suporto mais viver como um doente, Thereza. E não suporto mais o seu carinho excessivo, que brotou de uma hora pra outra, só por compaixão.


 

Thereza – Não fale assim, Pedro. Nós somos casados e é meu dever cuidar do meu marido. Eu quero você vivo, meu amor! Não suporto pensar em perder a sua companhia.


 

Pedro – Leda e Collor já sabem da minha doença e nem vieram me visitar.


 

Thereza – E você ainda fica surpreso, amor? É até bom que eles não tiveram a cara de pau de aparecer aqui. Certamente iriam te ironizar e dizer que a sua doença é um castigo pelo o que fez contra eles.


 


 

Ele volta a tomar a sopa, mas a campainha toca. Thereza beija a testa do amado e corre atender, deparando-se com Rafael.


 


 

Thereza – (surpresa) Rafael?! Que surpresa, Rafa! Você estava desaparecido desde o incêndio!


 

Rafael – (abraçando Thereza) Estava fugindo do Collor. Ele é capaz de tudo, e não queria levar o mesmo destino que meus pais.


 

Thereza – Vou te contar todas as novidades do governo dele e tudo o que tem acontecido nos bastidores. A começar pela doença do meu marido... Sente-se.


 

Rafael – Antes, quero te pedir um favor. Thereza, eu preciso que você conte à Rosane que eu voltei à cidade.


 

Thereza - Isso é impossível. Ela está mantida como um bicho naquela casa.


 

Rafael - Droga! Eu preciso salvá-la!


 


 

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CENA 06: Catedral de Brasília


 

Michael está no altar, nervoso. Ele olha para frente e vê a catedral lotada, mas só encontra pessoas contratadas por ele para fingirem serem convidados e parentes.


 


 

Michael - (pensando) Ai, o que eu faço pra me livrar dessa maluca enquanto ainda há tempo?


 


 

Mas ele sabe que esse pequeno investimento compensará muito em um futuro muito em breve. A tradicional marcha nupcial começa a tocar e todos se levantam. Do lado de fora, Rosinete sai de uma carruagem, em um lindo e caríssimo vestido de noiva branco.


 


 

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CENA 07: Motel "Prazeres da Luxúria"


 

Rafael e Jucineide estão deitados na cama do motel, nus, cobertos por lençóis.


 


 

Jucineide – Cada segundo ao seu lado é maravilhoso, Rafael. Eu te amo.


 

Rafael – Eu também gosto muito de você, Carmem.


 


 

Eles se beijam ardentemente. Em seguida, Jucineide levanta, piscando para o amante e indo até o banheiro. Rafael, suspirando, olha para os pertences da ficante.


 


 

Rafael – Acho que já está mais do que na hora de eu descobrir mais sobre a Carmem. É errado, mas...


 


 

Rafael tira a carteira de Jucineide entre seus pertences e abre, deparando-se com vários maços de dinheiro e documentos. Ao ler os documentos, ele se espanta.


 


 

Rafael – Jucineide Braz? Espera aí... Jucineide não é a amante do Collor?


 


 

Jucineide surge por trás de Rafael.


 


 

Jucineide – Sua mãe, antes de morrer torrada, não lhe ensinou que é errado mexer nas coisas dos outros?


 

Rafael – Jucineide... SUA CADELA! VOCÊ ME ENGANOU ESSE TEMPO TODO!


 

Jucineide – O que as mulheres não fazem pra realizar seu sonho de consumo, fofo? Vai dizer que não gostou? Poupe-me!


 

Rafael – Você é aliada do Collor, é cúmplice dela... E desde o começo estava se aproveitando de mim, enganando-me! O MURILO, SEU IRMÃO! FOI VOCÊ QUEM CONTOU TUDO PARA O COLLOR!


 

Jucineide – O que importa? Nós nos gostamos. Esqueça esse detalhe.


 

Rafael – Não, não esquecerei. EU TE ODEIO, SUA CADELA!


 

Jucineide – (descontrolada) MAS EU TE AMO! EU TE AMO DE VERDADE, RAFAEL! E se você não me quer... NÃO SERÁ DE MAIS NINGUÉM!


 


 

Ela sai do motel, furiosa.


 


 

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CENA 08: Catedral de Brasília


 

Rosinete e Michael estão diante do altar.


 


 

Padre - Rosinete, você toma este homem para ser seu esposo legalmente, para viver junto em santo matrimônio, você promete amá-lo e honrá-lo, na doença e na saúde, na riqueza ou na pobreza, e rejeitará todo o outro, sendo apenas dele enquanto viverem?


 

Rosinete - SIM!


 

Padre - Michael, você toma esta mulher para ser sua esposa legalmente, para viver junto em santo matrimônio, você promete amá-la e honrá-la, na doença e na saúde, na riqueza ou na pobreza, e rejeitará toda a outra, sendo apenas dela enquanto viverem?


 


 

Michael fica parado, olhando para Rosinete e para os figurantes sentados na igreja. Ele engole em seco e diz:


 


 

Michael - Sim...


 

Padre - Neste caso, eu vos declaro marido e mulher! O noivo pode beijar a noiva.


 


 

Rosinete pula nos braços de Michael e lhe dá um apaixonado e longo beijo, enquanto os figurantes aplaudem o casal.


 


 

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CENA 09: Gabinete Presidencial


 

Collor está tomando café. Paulo César Faria surge com sua namorada, Suzana. Ela tem um visual bem "oferecido".


 


 

Collor – Então essa é a sua tão falada namorada, Paulo?


 

Paulo – É sim, patrãozote. Não é um bombom charmoso e sensual?


 

Suzana – (exibindo seu decote) Muito prazer, seu Collor. Como vai o seu dia? Melhor agora?


 

Collor – Dá pra perceber o quanto você tem sorte, Paulo. Mas me diga uma coisa... Todas essas joias que a Suzana está trajando... Você deu pra ela?


 

Paulo – Digamos que sim!


 

Collor – Então os carros caríssimos, casas enormes em praias chiquérrimas, e outros afins que apareceram em suas despesas também foram comprados para ela?


 

Paulo – Aham.


 

Collor – Eu serei direto. Se você está desviando dinheiro, Paulo, será devidamente linchado e deixará de ser o meu laranja. Agora, faça o que lhe pedi.


 

Rosinete – Paulo, como você é corno! A sua namorada deu em cima do Collor de maneira descarada e você até riu!


 

Suzana – Sou puta mermo e ele gosta assim, e daí, preta oleosa?


 

Rosinete – NOSSA! Que coice! Mas nada estraga meus ânimos, já que ontem foi meu casamento. Com sua licença.


 


 

Rosinete sai e Suzana sorri angelicalmente para PCF. Eles se beijam. Collor, em seu gabinete, analisa papéis.


 


 

Collor – Segundo as entradas e saídas de dinheiro público, a Rosane não pode ter efetuado aquela corrupção, visto que estava fugitiva... Será que foi esse gordo lazarento do Paulo? Ele vai pagar caro!


 


 

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CENA 10: Apartamento de Jucineide Braz


 

Jucineide chega em casa, exausta. Murilo a recepciona.


 


 

Murilo – Maninha, você não imagina a notícia que tenho pra te dar.


 

Jucineide – Se apaixonou de verdade pela primeira vez na vida? Coitada da garota, praguinha!


 

Murilo – É muito mais sério do que isso, mas já que me despreza...


 

Jucineide – FALA LOGO, QUE TÔ SEM PACIÊNCIA!


 

Murilo – A Rosane abortou.


 

Jucineide – (com um sorriso de satisfação) Abortou?! Como assim? Ela estava grávida do Collor?


 

Murilo – Obviamente era do Rafael. Ela e o Collor não devem saber o que é sexo há um bom tempo. Eu não sei de muita coisa, mas uma empregada de lá, que acha que sou mesmo amigão dela, ligou-me dizendo que ela perdeu um bebê.


 

Jucineide – Excelente! Vou lançar isso na mídia... Um pouco modificado, é claro. "Rosane Collor aborta filho de amante!"


 


 

Ela gargalha maleficamente.


 


 

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CENA 11: Clínica "Cimi Donner"


 

Luciana está na sala de espera, esperando a sua vez de ser atendida. Ela passa a mão sobre sua barriga, acariciando-a.


 


 

Luciana - (pensando) Será que eu tenho certeza disso que eu quero fazer? Céus, eu estou matando uma pessoa. Me desculpe, meu pequeno bebê, mas isso é o que eu tenho que fazer. Não tenho condições financeiras e psicológicas para te criar sozinha e te dar uma vida digna. Sei que isso que eu estou fazendo é ilegal e estou interrompendo uma vida. Mas é melhor assim. Antes você jamais existir do que me obrigar a mentir para você e para o Joaquim pelo resto das nossas vidas. Sinto muito...


 


 

Ela derrama algumas lágrimas e fecha os olhos por alguns instantes. A recepcionista chama o nome de Luciana e a acompanha até o consultório.


 


 

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CENA 12: Casa da Dinda


 

Rosane desce as escadas da casa, sem saber direito o que fazer e para onde ir.


 


 

Rosane - Não tenho muito tempo, tenho que ir embora logo. Aquele demônio em forma de velha vai se recuperar logo, e eu tenho que estar bem longe daqui quando isso acontecer.


 


 

Rafael invade a casa furtivamente pelos fundos. Chegando na sala, ele encontra Rosane.


 


 

Rosane - RAFAEL?! MEU AMOR, VOCÊ VEIO ME RESGATAR! (beijando o amado)


 

Rafael - (segurando Rosane) Sua traíra...


 

Rosane - (confusa) Rafael, do que você está falando?


 

Rafael - Para com isso, Rosane! Saiu em todos os jornais: você fazendo a linha do seu marido e tirando o dinheiro do povo. Eu nunca imaginei que uma mulher tão doce como você seria capaz de cometer uma barbaridade dessas.


 

Rosane - Eu não fiz nada, meu amor! Isso que estão dizendo é mentira! Mas não tenho tempo pra explicar tudo agora. Pelo amor de Deus, me ajude. Eu tenho que fugir dessa casa o mais rápido possível. ME TIRE DAQUI, RAFAEL!


 

Rafael - (pegando na mão de Rosane) Venha comigo, eu vou te tirar daqui.


 

Collor - (surgindo na frente deles e apontando uma arma para os dois) Ora ora, o casalzinho está com pressa? Não é necessário! Se for para saírem dessa casa, será dentro de caixões. Então fiquem mais um pouco, hoje nós nos divertiremos bastante...


 


 

Collor sorri ironicamente, ainda apontando a arma para os dois.


 

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